quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Futuros Jornalistas ou Omeletas sem Ovos?

Escrevi este texto já há uns três ou quatro anos, ainda na faculdade...no outro dia encontrei-o e fiquei com vontade de o partilhar aqui no Bloco...e dizia assim:

" Visto de fora, o curso de Jornalismo até pode parecer bastante razoável. Há disciplinas de nomes que até suscitam o interesse, algumas parecem mesmo prometer muita prática e empenho dos alunos.
Mas a realidade é um pouco diferente. Nem tudo o que luz é ouro, certo?
Depois de uma vista de olhos mais ou menos aprofundada, algumas disciplinas são um engano, o programa não é o que se espera e os alunos dão por si a pensar muitas vezes (cerca de 50 vezes por dia) "o que é que eu estou aqui a fazer?" ou "em que é que isto contribui para o meu futuro?".
Ao fim de dois anos de curso, sobrevivemos a uma morte quase certa por afogamento em teorias quase inúteis e em matérias repetidas em várias cadeiras (facto que evidencia a falta de comunicação no seio de um curso de Comunicação).
Quando finalmente chega o terceiro ano, aquele que agora é o último mas que antes de Bolonha não era, respira-se fundo. Preparamos os mergulhos de cabeça nos estúdios e em muito trabalho muito prático. Mas essa piscina não tem água suficiente. Aparecem mais algumas teorias muito repetidas, desaparecem disciplinas que até se julgavam essenciais e a velha questão paira de novo (mas desta vez cerca de 100 vezes por dia) "em que é que isto está a contribuir para o meu futuro?". Para os estudantes, sedentos de câmaras e mesas de mistura, um pensamento menos negativo acalma as ânsias: pode se que isto até sirva ara alguma coisa...
O segundo semestre chega com mais trabalho prático, finalmente. Mas é pouco, diria eu. Porque um jornalista numa redacção ou num estúdio pouco se vai lembrar de Peirce ou de Gutemberg, e muito menos de Napoleão e Luís XIV. Mas o tempo é pouco, tão pouco que, no fim, são lançados no mundo Jornalistas com muita capacidade para escreverem bons livros teóricos e muito pouca para entrarem no mercado real do trabalho. Porque o livro de Pantagruel nas mãos de quem não sabe fritar um bife serve de tanto como um microfone nas mãos de um mudo.
Agora, na recta final, resta-nos fazer um último esforço de evolução, uma derradeira tentativa de sair da faculdade de cabeça erguida e de não fazermos da decapitação da Maria Antonieta a nossa primeira notícia numa qualquer primeira página de jornal."

E não aprofundei mais porque achei que já estava a bater muito no ceguinho...

Moonshadow


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