domingo, 15 de abril de 2012

Da nova geração (excessivamente tecnológica)

E eis que, a dias de completar os 26 anos, eu me sinto uma autêntica "cota", completamente desactualizada...
As novas gerações são realmente algo que me fascina tanto quanto me assusta. Vejo piolhos que nem ler sabem a pegarem em telemóveis touch-screen de última geração e a tratá-los por "tu" com um à vontade que eu nunca terei...e isso enche-me de questões: será esta excessiva desenvoltura tecnológica uma coisa realmente boa?
Apesar de eu própria já ter feito parte da geração que estreou os GameBoys as MegaDrives e até mesmo as primeiras e primitivas PlayStations, admito que fomos a última geração que soube o que era saltar à corda na rua, levar um pau de giz e desenhar um jogo da macaca à porta de casa...e passar horas com carrinhos minúsculos (que hoje seriam certamente proibidos pelo perigo de ingestão de tão pequenas peças). Considero que tive uma infância até bastante saudável, rodeada de bonecos que eram realmente réplicas quase perfeitas de bebés ou de top-models loiras. Hoje olho à volta e digo sem problemas que os Barriguitas estão absolutamente horríveis, as Barbies são assustadoramente feias...já para não falar da qualidade cada vez mais decrescente dos materiais em que são feitos.
Mas o que mais me aflige é o apego que os catraios agora têm aos computadores. Ouvi há bocado um cachopito dizer na televisão algo como "Nos computadores podemos aprender mais coisas do que nos livros!"...e assustou-me...não sei se pelo meu excessivo apego aos livros...se por realmente achar que é uma barbaridade...
Eu, que sempre fui menina de me rodear de enciclopédias, dicionários, livros de tudo e mais alguma coisa para fazer qualquer trabalhito escolar...arrepiei-me...juro que me arrepiei...com a ideia de haver quem deixe uma criança criar uma ilusão dessas...porque a culpa não é do puto, é de quem o habituou mal...e sim, começo mesmo por apontar o dedo à escola, que lhes impinge um "Magalhães" para aprenderem a escrever, que lhes dá matéria em quadros digitais, ou interactivos ou lá o raio que parta, que os começa a ensinar a trabalhar com um computador antes sequer de eles  saberem pegar direito num lápis. Mas sim, também aponto o dedo a alguns pais, que se esquecem da importância que pode ter um bom livro, que se esquecem de preparar os meninos para as armadilhas e falsas informações da Internet.
Vá, dou um bocadinho o braço a torcer, que até há softwares decentes e educativos para instalar nos pc's...mas será que ainda alguém se lembra deles???

Eu sei que tenho de acompanhar as tendências, que um dia também eu posso vir a ser mãe de um destes piolhos tecnológicos...mas uma coisa eu tenho certeza, se filho meu preferir os computadores aos livros será por opção própria porque livrinhos e incentivo para os explorar não lhe vai faltar com certeza...
Eu sei que os crianços precisam de se integrar com os coleguitas da escola e, para isso, ter acesso a algumas das mesmas barbaridades precoces que muitos papás com dinheiro a mais metem nas mãos dos filhotes...
Eu sei que estou com um discurso muito quadrado e pouco modernaço...e que um dia corro o risco de ser uma mãe "bota-de-elástico" (será que eles ainda utilizam esta expressão???)...mas confesso que a infância hoje me parece muito menos saudável e educativa do que a infância que ainda tive o privilégio de ter...

Talvez estes excessos abrandem...ou talvez venha a ser muito pior do que já é...mas não, não prevejo um futuro muito brilhante para os nossos homens de amanhã...mas força aí na criação de geeks  burrinhos...

Moonshadow

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